Mano e Milk em: Esse seu cabelo molhado no meu travesseiro, não, no seu travesseiro.

— Amo ver você de cabelo molhado aqui na minha cama — eu olhava para Milk colocando uma mecha de seu cabelo molhado atrás da orelha.

Milk riu e saiu da sua posição de concha para encarar o teto, eu continuei olhando pra ela.

— Mas nós estamos na minha cama que sem nenhum acaso fica na minha casa — Milk parou de encarar o teto me olhando novamente.

— Acho que me esqueci desse pequeno detalhe — disse entre risos.

— É, mas eu não me esqueci que você nunca me levou na sua casa

— Claro que já te levei, você não lembra de quando a gente namorava? Te levei lá várias vezes!

— Eu estou falando na sua casa, — Milk deu ênfase nas últimas palavras — não na casa dos seus pais. — Ela terminou a frase revirando os olhos.

— Como você sabe que eu não moro mais com os meus pais? — perguntei desconfiado, já que eu nunca havia a dito nada sobre isso.

— Sei lá. Talvez porque antigamente você vivia falando que quando fizesse 18 anos iria sair da casa dos seus pais, e talvez porque eu também já sai da casa dos meus pais, então eu apenas deduzi e você acabou de confirmar.

— Você é muito esperta — Milk com certeza achou que isso foi um elogio, mas eu chamo de: “Como fugir de uma conversa que você não quer ter”

— Eu sei e tenho boa memória, mas quando você vai me levar na sua casa Ermano? — que menina chata velho, sempre fica insistindo nas coisas.

— Eu não moro em casa, moro em apartamento

— Que seja, quando você vai me levar lá?

— Quando o sol deixar de nascer — ou seja, nunca.

— É sério, — Ela disse me dando um tapa. Essa ai sempre amou me bater — quando você vai me levar lá?

— Nunca Milk, nunca, que saco — eu irritado? Sim ou claro?

— Por que? — ela ainda quem saber o por que?

— Bom, a Aline como minha namorada tem a chave do meu apartamento e eu não quero que um dia ela entre e te encontre lá, por isso você nunca vai conhecer a minha casa.

— Ah. Pensei que você morasse em apartamento.

— Ta chateada?

— Não, mas ficaria bem mais feliz agora se você sumisse daqui. — Eu fiquei calado.

— A Aline sabe de mim? — ela perguntou prosseguindo a conversa.

— Sabe o que? O que você quer que ela saiba? Que eu fico mais próximo de você do que deveria?! — Entre eu e Milk nunca rolou sexo, nem quando namorávamos. Há um tempo atrás quase, mas digamos que a palavra “amigos” não nos define nem um pouco.

— Espera, digo, ela sabe da minha existência? — Milk se corrigiu.

— Ah, isso ai sim.

— Como?

— Ô, mas você é curiosa hem?

— Fala — Milk me pressionou entre risos nervosos

— Um dia ela estava mexendo nas minhas coisas e achou as nossas antigas fotos, só isso.

Milk começou a ri e disse: — Meu Deus, você ainda guarda essas porcarias? Eu nem tenho mais as minhas há muito tempo — mentirosa, mentirosa, mentirosa, vive falando que não tem mais as nossas fotos mas guarda tudo na tal caixinha que eu vi.

— Enfim, que seja, o que importa é que Aline nem pode sonhar que eu tenho contato com a minha ex

— Hey, — ela chamou a minha atenção — eu não sou a outra pra você ficar me escondendo desse jeito — Milk bufou.

— Claro que não, nunca foi e nunca será. Você é a minha unica.

— Hum, eu vou na sua casa — pelo tom do voz de Milk aquilo já era provocação.

— Apartamento. — Corrigi — Nem de camelo Michelle, nem de camelo.

Eu a abracei selando um beijo em sua testa e por fim aquela conversa chata se acabou.

— Dos melhores momentos ao lado de Milk  — Isabely Rodrigues